sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
cotidiano
os pardais e o mendigo comiam do mesmo pão
Rua Ramiro Barcelos, Porto Alegre/RS
deu com a mão, não parou, correu até lá, estava recolhendo
deu com a mão, não parou, correu até lá, estava recolhendo
Parcão, Porto Alegre/RS
hoje aqui, perdas, chuva, canja da Lancheria, pão e bastante manteiga
hoje aqui, perdas, chuva, canja da Lancheria, pão e bastante manteiga
Redenção e Lancheria do Parque, Porto Alegre/RS
estas poesias/pensamentos/citações - provavelmente - formarão um conjunto.
são observações do/para o cotidiano; cartografia(s) da(s) cidade(s).
frases, pensamentos, pequenas epifanias, qualquer coisa tangível ou não.
frases, pensamentos, pequenas epifanias, qualquer coisa tangível ou não.
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
domingo, 19 de dezembro de 2010
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
17 DE DEZEMBRO
ontem te esperei.
ontem foi domingo.
e te esperei no sábado,
na sexta,
toda semana.
mês.
ano.
anos.
na sexta,
toda semana.
mês.
ano.
anos.
e você não veio.
e você não vem.
não me disse nada.
simplesmente saiu,
assim;
sumiu.
sem dizer nada.
nunca disse nada.
assim;
sumiu.
sem dizer nada.
nunca disse nada.
e eu não sei.
e eu não soube.
e eu não soube.
tantos anos.
e você não vem.
e você não vem.
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
céu 3
.
porto alegre, 15 dias do mês de dezembro do ano de 2010 [final de primavera]
[final de ano]
!novos ares e aromas!
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
sonhar
a
aprender a coser retalho por retalho
até todas as cores juntas compor uma colcha
que eu caiba,
e me cubra.
.
aprender a coser retalho por retalho
até todas as cores juntas compor uma colcha
que eu caiba,
e me cubra.
.
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
urgência
uma flor nasceu na rua,
é urgente que ela nasça,
impreterível que se instaure,
multiplique.
é necessário fecundá-la.
é necessário fecundá-la.
por drummond.
pelas pétalas.
pelas cores.
do desejo.
para todos.
uma flor nasceu na rua!
façamos completo silêncio.
domingo, 12 de dezembro de 2010
sábado, 11 de dezembro de 2010
morte
quando morrermos seremos todos animais, disse meu filho.
que animal quer ser, pai?
não sei, respondi.
não sei, pensei.
sinceramente, não sei.
sinceramente, não sei.
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
?
ouvir ao som de pouco, in Nome, Arnaldo Arntunes, 1997.
"sempre é pouco quando não é demais"
a manhã será para sempre?
amanhã será para sempre?
será para sempre?
para sempre?
sempre?
sem?
em?
sem?
em?
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
só não se têm o que não se têm!
dedicada a um grande diálogo, que sentou e conversou
comigo ontem e, felizmente, não sei o nome
SÓ NÃO SE TÊM O QUE NÃO SE TÊM
NOVAS DESCOBERTAS
AINDA DESCOBERTAS
terça-feira, 30 de novembro de 2010
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
domingo, 28 de novembro de 2010
28 DE NOVEMBRO
"As árvores me começam"
Manoel de Barros
ele não entendia nada do que ela falava, quase nada, estética-relacional, Foucault, Guatarri, Deleuze, ético-estético, quase nada.
e ela denunciava tudo aquilo com uma paixão, uma volúpia, uma verborragia, assim era ela e ele sorria.
eram lindos, a imagem dela naquela vontade/desejo e dele sorrindo.
se encontraram, no acaso, um amigo em comum e uma mesa.
sentados, riam e riam muito; o riso seria o ponto em comum de ambos, uma alegria contagiante.
ele pouco falava, calado, era adepto das plantas, da terra, das sementes, gostava de sentir o sol e o vento, sabia das coisas pela temperatura da brisa, se choveria? se faria sol? sabia do tempo, cultivava girassóis e calma.
eu estava sentado ao lado e me interessei por tudo aquilo, pelo ético-estético e pelos girassóis.
o que mais chamou a atenção dele foram os ombros dela, os ossos da clavícula saltavam em seus olhos, cabelos curtos revelavam toda a sua beleza.
ele era alto, magro, suas mãos eram ásperas, o sol lhe imprimira muitas marcas, inclusive a leveza.
quando se cumprimentaram e beijaram os rostos um do outro, ela sentiu suas mãos ásperas, mas, também, uma suavidade, a força exata que seus dias pediam.
naquele momento ambos encontraram o equilíbrio em suas diferenças, na potênica que emanavam em e para ambos, singularizaram-se.
...
e eu estive sentado ao lado e me interessei - muito - por tudo aquilo.
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
terça-feira, 23 de novembro de 2010
23 DE NOVEMBRO
... torna-te quem tu és ...
Friedrich Wilhelm Nietzsche
acordei e fui tomar banho, estava ávido por isto, me sentia desconfortável com a noite que me impregnava sonhos confusos.
saindo, defronte ao espelho, me deparei com ele, o outro.
diante de mim a imagem que via não era minha, era de alguém que não conhecia, nunca havia visto, nem de relance.
quem era?
não sei.
perguntei-lhe o nome.
ele não disse nada, só sorriu.
por quê este sorriso?
estava estupefato, será que aquela imagem era eu?
o outro?
mas eu me conheço, me sei!
vesti minhas roupas, calcei os tênis e saí correndo, precisava me ver novamente.
na rua, fui ao encontro de outro espelho e ao olhar, ele continuava sorrindo!
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
vertigem
"...o que permite que a partir de algo que é exterior a mim possa se operar um reconhecimento de mim mesmo..."
"... e é isso o que é importante, reconhecemo-nos em outrem, a partir de outrem..."
Michel Maffesoli, in No Fundo das Aparências
u l t i m a m e n t e
andocaminhandocomacabeçabaixa
olhandoparaosmeuspés
domingo, 21 de novembro de 2010
21 DE NOVEMBRO
todos os dias ele olhava o celular, normalmente entre 22hs00/22hs42.
inevitavelmente, eram nestes 42 minutos que a ausência dela era quase insuportável.
talvez por ser um pouco antes dele dormir ou, talvez, neste período ele não se concentrava em outras situações, não tinha nenhuma ocupação, além dele com ele mesmo.
enfim, eram os 42 minutos mais difíceis naqueles últimos meses.
e seriam os 42 minutos mais difíceis de todo o verão.
nunca me disseram o por quê da separação.
nunca me disseram muitas coisas.
nem os conheço.
escrevo sem experiência nenhuma destes dois.
sei que seus nomes eram Lúcia e Ricardo.
e sei, também, que somente ele usava relógio.
ela usava - sempre - um anel (muito bonito) e de vez em quando, um par de brincos.
ele olhava o telefone para ver se havia alguma chamada não atendida ou alguma mensagem.
a suspeita de um desejo - ainda - por parte dela.
e nada.
a única mensagem que havia no celular naquela noite era de um amigo do escritório.
e ele não retornaria a ligação perdida.
inevitavelmente, eram nestes 42 minutos que a ausência dela era quase insuportável.
talvez por ser um pouco antes dele dormir ou, talvez, neste período ele não se concentrava em outras situações, não tinha nenhuma ocupação, além dele com ele mesmo.
enfim, eram os 42 minutos mais difíceis naqueles últimos meses.
e seriam os 42 minutos mais difíceis de todo o verão.
nunca me disseram o por quê da separação.
nunca me disseram muitas coisas.
nem os conheço.
escrevo sem experiência nenhuma destes dois.
sei que seus nomes eram Lúcia e Ricardo.
e sei, também, que somente ele usava relógio.
ela usava - sempre - um anel (muito bonito) e de vez em quando, um par de brincos.
ele olhava o telefone para ver se havia alguma chamada não atendida ou alguma mensagem.
a suspeita de um desejo - ainda - por parte dela.
e nada.
a única mensagem que havia no celular naquela noite era de um amigo do escritório.
e ele não retornaria a ligação perdida.
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
SUICÍDIO
- alô, alô, preciso de uma ambulância, é urgente.
- sim, senhor. tenha calma.
- eu preciso imediatamente de uma ambulância.
- o senhor está falando da Rua Cândido Silveira, 243?
- sim. apartamento 06.
- preciso que o senhor responda o ocorrido.
(ele chorava ininterruptamente, não conseguia responder a pergunta, a atendente insiste).
- senhor, por favor, preciso que o senhor me informe qual o motivo da chamada?
- é suicídio.
- o senhor conhece a vítima?
- sim, sou eu!
- sim, senhor. tenha calma.
- eu preciso imediatamente de uma ambulância.
- o senhor está falando da Rua Cândido Silveira, 243?
- sim. apartamento 06.
- preciso que o senhor responda o ocorrido.
(ele chorava ininterruptamente, não conseguia responder a pergunta, a atendente insiste).
- senhor, por favor, preciso que o senhor me informe qual o motivo da chamada?
- é suicídio.
- o senhor conhece a vítima?
- sim, sou eu!
terça-feira, 16 de novembro de 2010
terça-feira, 9 de novembro de 2010
sábado, 30 de outubro de 2010
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
domingo, 24 de outubro de 2010
24 DE OUTUBRO (p/ ouvir ao som de menina mulher da pele preta, Jorge Ben Jor)
ela passou,
ela sempre passa,
na mesma hora; não sei se para o trabalho, não sei se para comprar o café-da-manhã ou jornal, não sei quase nada.
o que sei é que ela sempre passa.
e sobre os seus passos acompanham meus olhos, atentos.
à noite, quando durmo e durmo cedo, penso neste pequeno percurso defronte minha janela; penso nela.
esguia, alta, olhos focados, uma doçura e uma calma.
seus passos e meus olhos.
meus olhos e seus passos.
e eu não sei quase nada.
sábado, 23 de outubro de 2010
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
domingo, 3 de outubro de 2010
passagem II
Essa região secreta, essa solidão onde os seres - e as coisas
- se refugiam, é que dá tanta beleza à rua: por exemplo, estou
sentado no ônibus, só me resta olhar para fora. O ônibus se
precipita pela rua em declive. Sigo bem rápiddo para não ter a
possibilidade de me demorar num rosto ou num gesto, a velo-
cidade exige de meu olhar uma velocidade correspondente,
pois não há nem um só rosto, nem um só corpo, nem uma só
atitude preparados para mim: estão nus.
Jean Genet, in O ateliê de Giacometti.
sábado, 2 de outubro de 2010
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
passagem
Chegou a hora...
Estou definhando e ainda tenho que enfrentar as horas...
Seria ótimo dizer que me arrependi... Seria fácil... mas o que isso significa? O que significa se arrepender quando não se tem escolha? É o que se pode aguentar...
Era a morte... Escolhi a vida! e enfim, conhece-la... Ama-la pelo que ela é! E depois descarta-la...
Sempre os anos que foram nossos...
Sempre os anos...
Sempre o amor...
Sempre as horas...
Nicole Kidman em "As Horas"
Estou definhando e ainda tenho que enfrentar as horas...
Seria ótimo dizer que me arrependi... Seria fácil... mas o que isso significa? O que significa se arrepender quando não se tem escolha? É o que se pode aguentar...
Era a morte... Escolhi a vida! e enfim, conhece-la... Ama-la pelo que ela é! E depois descarta-la...
Sempre os anos que foram nossos...
Sempre os anos...
Sempre o amor...
Sempre as horas...
Nicole Kidman em "As Horas"
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
passado
dois atos
...
...
ósculos
...
...
passos
...
...
...
enquanto
teus
compassos
são
os
nossos
próprios
beijos
...
enquanto
teus
compassos
são
os
nossos
próprios
beijos
...
domingo, 26 de setembro de 2010
25 DE SETEMBRO
Ele disse:
- Que cheiro de lixo!
O outro:
-É que mora um monte de maloqueiros aqui!
7 e 5!
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
domingo, 19 de setembro de 2010
ler ao som de THE TRUTH (Handsome Boy Modeling School)
sem poesia, somente libertinagem.
andei pensando em ti, safada, puta, cadela e, também, linda, sorrindo e meiga.
queria suas pernas sob meus ombros e seu sexo bem arreganhado.
meu pau extremamente molhado e você pedindo, piscando.
só a cabecinha e ele querendo tudo, sempre e mais fundo.
bater em sua cara, puxar os seus cabelos.
depois sentada em nossa poltrona, com os pés sob os braços.
com teu corpo se movimentando em direção ao meu pau; violentamente.
arreganhada e sedenta, sempre fundo e pedindo mais.
quero - hoje - te deixar aberta, doída, somente comer tua bunda.
por último, de quatro, puxar você pelos cabelos, com força e tesão.
cadenciar o balanço dos nossos corpos com minhs mãos e seu cabelo.
de quatro, mordendo o travesseiro, louca, lasciva.
toda a tua bunda em todo o meu pau.
bastante
denso
fundo
e sempre...
andei pensando em ti, safada, puta, cadela e, também, linda, sorrindo e meiga.
queria suas pernas sob meus ombros e seu sexo bem arreganhado.
meu pau extremamente molhado e você pedindo, piscando.
só a cabecinha e ele querendo tudo, sempre e mais fundo.
bater em sua cara, puxar os seus cabelos.
depois sentada em nossa poltrona, com os pés sob os braços.
com teu corpo se movimentando em direção ao meu pau; violentamente.
arreganhada e sedenta, sempre fundo e pedindo mais.
quero - hoje - te deixar aberta, doída, somente comer tua bunda.
por último, de quatro, puxar você pelos cabelos, com força e tesão.
cadenciar o balanço dos nossos corpos com minhs mãos e seu cabelo.
de quatro, mordendo o travesseiro, louca, lasciva.
toda a tua bunda em todo o meu pau.
bastante
denso
fundo
e sempre...
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
GOING INSIDE (a film by Vincent Gallo / music by John Frusciante
onde você vai, não importa.
where you go doesn't matter.
where you go doesn't matter.
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
HOMENAGEM [poema de CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE, in AS IMPUREZAS DO BRANCO]
Jack London Vachel Lindsay Hart Crane
René Crevel Walter Benjamin Cesare Pavese
Stefan Zweig Virgínia Woolf Raul Pompéia
Sá-Carneiro
e disse apenas alguns
de tantos que escolheram
o dia a hora o gesto
o meio
a dis-
solução
René Crevel Walter Benjamin Cesare Pavese
Stefan Zweig Virgínia Woolf Raul Pompéia
Sá-Carneiro
e disse apenas alguns
de tantos que escolheram
o dia a hora o gesto
o meio
a dis-
solução
terça-feira, 14 de setembro de 2010
silêncio
hoje a tarde fiz a barba!
no espelho, olhando bem dentro dos meus olhos,
a verdade me afrontou,
silenciosa!
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
II [poema de Hilda Hilst, in VIA ESPESSA]
Se te pertenço, separo-me de mim.
Perco meu passo nos caminhos de terra
E de Dionísio sigo a carne, a ebriedade.
Se te pertenço perco a luz e o nome
E a nitidez do olhar de todos os começos:
O que me parece um desenho no eterno
Se te pertenço é um acorde ilusório no silêncio.
E por isoo, por perder o mundo.
Separo-me de mim. Pelo Absurdo.
domingo, 12 de setembro de 2010
pequenas epifanias p/ roberta stubs
NA PENUMBRA TUA SOMBRA SE MISTURA AOS MEUS DESEJOS
...
AMOR. AROMA DA MINHA MANHÃ!
...
SORVER SUAS PALAVRAS, OUVI-LAS EM MIM...
...
NA NOITE ESCUTO TEUS SONHOS!
...
NÓS
DOIS
A SÓS
10 DE SETEMBRO
acordou cedo, feliz.
tomou banho, café, pão na frigideira.
seria um dia como todos os outros ou como a maioria.
carteira no bolso, chave também.
saiu apressado, atrasado.
ao atravessar a rua, sem ver ou ouvir, morreu atropelado.
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