domingo, 24 de outubro de 2010

24 DE OUTUBRO (p/ ouvir ao som de menina mulher da pele preta, Jorge Ben Jor)



ela passou,
ela sempre passa,
na mesma hora; não sei se para o trabalho, não sei se para comprar o café-da-manhã ou jornal, não sei quase nada.
o que sei é que ela sempre passa.
e sobre os seus passos acompanham meus olhos, atentos.
à noite, quando durmo e durmo cedo, penso neste pequeno percurso defronte minha janela; penso nela.
esguia, alta, olhos focados, uma doçura e uma calma.

seus passos e meus olhos.
meus olhos e seus passos.

e eu não sei quase nada.

domingo, 3 de outubro de 2010

passagem II

Essa região secreta, essa solidão onde os seres - e as coisas
- se refugiam, é que dá tanta beleza à rua: por exemplo, estou
sentado no ônibus, só me resta olhar para fora. O ônibus se 
precipita pela rua em declive. Sigo bem rápiddo para não ter a
possibilidade de me demorar num rosto ou num gesto, a velo-
cidade exige de meu olhar uma velocidade correspondente,
pois não há nem um só rosto, nem um só corpo, nem uma só
atitude preparados para mim: estão nus.

Jean Genet, in O ateliê de Giacometti.



céu




sexta-feira, 1 de outubro de 2010

godbye my friends

passagem

Chegou a hora...
Estou definhando e ainda tenho que enfrentar as horas...
Seria ótimo dizer que me arrependi... Seria fácil... mas o que isso significa? O que significa se arrepender quando não se tem escolha? É o que se pode aguentar...
Era a morte... Escolhi a vida! e enfim, conhece-la... Ama-la pelo que ela é! E depois descarta-la...
Sempre os anos que foram nossos...
Sempre os anos...
Sempre o amor...
Sempre as horas...
Nicole Kidman em "As Horas"