quarta-feira, 16 de novembro de 2011

16 DE NOVEMBRO

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__ era tão jovem!
__ sequer 30 anos.
__ mais de dez tiros?

e ele esperava que ela viesse.
mas não.
não veio.
nem a metade.
__ mais de dez tiros?
__ não, nem sequer um.
__ quase morto.
__ mais de dez tiros?
__ não, nem sequer um.
__ nem a metade!
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segunda-feira, 14 de novembro de 2011

desvios

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o  v e n t o  e n t r o u  p e l a  j a n e l a,  p e r d e u  o  r u m o  e  n u n c a  m a i s  v o l t o u
.
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sexta-feira, 11 de novembro de 2011

um tanto e tão pouco


amanheceu.

no íntimo do quarto
roupas do avesso,
restos de nós dois.
aromas.
suores.
um pouco de café.

um tanto de você.
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quinta-feira, 10 de novembro de 2011

múltipla escolha

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ela se deparou com aquela questão justamente no dia em que deveria optar continuar ou não uma relação que se arrastava há anos.

assinale a alternativa correta:
(   ) amor
(   ) amoras
(   ) amores
(   ) aromas
(   ) n.d.a.

preferiu deixar a pergunta em branco, poderia - sem querer - acertá-la.
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quarta-feira, 9 de novembro de 2011

09 DE NOVEMBRO [discursos em fim de tarde]

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ele tentando convencê-la:

__ temos o que temos.
__ às vezes, prometemos.
__ mas se temos o que temos, por quê prometemos?
__ 
prometemos o que não temos?
__ ou não temos sequer o que prometemos?


ela interrompe:



__ deixe de perguntas.
__ e de promessas.
__ deixe de lado.
__ vá embora!
.
.


sábado, 15 de outubro de 2011

terça-feira, 4 de outubro de 2011

04 DE OUTUBRO

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continuo aqui, esquecido.
limpo.
explico:

esqueceram-me no bolso de uma calça.
assim!
sem dramas.

nem culpas.
fui lavado!
estendido!
seco!
no início, achei a situação conveniente.
depois de alguns dias, começou a preocupar.
e sentia fome!
e sentia sede!
não me perceberam!
um amigo perguntou uma ou duas vezes, talvez três, não tenho mais certeza.
a única é que continuo ali.


...

esquecido!
.
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domingo, 25 de setembro de 2011

em todas as manhãs, JÚBILO e MEMÓRIA

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[em homenagem a esta mulher - Hilda Hilst - com quem vôo, diariamente]


pensei em uma borboleta!
que antes, crisálida!

que antes, lagarta!
que agora, tu!
pensei, assim, sem nem sequer vê-la!
nesta borboleta!



voa!.
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sábado, 24 de setembro de 2011

URGIR

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derrubar todas as paredes.
começando pelo quarto.
a sala.
a cozinha.
o banheiro. 




um vão livre!


escancarar as portas!
arrancar as fechaduras!
sem chaves.
nem cadeados.
trocar carros por barcos.
singrar!
colocar abaixo!
rir!




neologismos!
silogismos!




derubar todas as paredes.
começando pelo quarto.
a sala.
a cozinha.
o banheiro.





um vôo livre!
.
.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

05 DE SETEMBRO (mesmo texto, c/ pontuação)

descarrilhou-se.
nos últimos meses estava em tantos trânsitos, tantas vias, vastas, várias.
havia a que apontava todas às terças-feiras, às vezes, catorze e trinta, outras, quinze, quinze e quinze; mas sempre ali.
pontual, elegante e gentil.
de noite eram outros olhares.
de dia tinha uma senhora que nas tardes que ia ao supermercado, farmácia, isso&aquilo, comentava frases absurdas e ele escutava; num sábado saiu ao encontro desta para ouvir e ouviu.
algumas vezes não saia de casa; era sempre assim, algumas vezes não encontrava convicções que lhe fizesse certezas.
__já era tri fortão naquela época.
__pinicando todo com este encontro.
__antes ele do que ela.
e era sempre ele.
ela, a senhora, comentava sobre um homem.
voltando para casa pensava.
e eu penso sobre este homem que a mulher que comentava frases absurdas comentava.
e este homem e esta mulher são tantas coisas; absurdas ou não.

mas não são destes que contava há pouco.
é sobre o homem - não este, aquele das várias vias.
acho que havia algo sobre descarrilhar-se, meses, silêncio, isso&aquilo, algo sobre a semana (ele gostava principalmente das quintas-feiras).
e havia a que sorria.
seu corpo sorria.

não tinha horários.
nem vestes.
vinha nua.
o cabelo vinha nu.
o rosto dançava leve e o deixava leve e o deixava tenso e o deixava.
haviam tantos trânsitos; teve uma tarde - não lembro o dia - um senhor acho que deveria ter setenta e seis, setenta e sete anos, atravessava a rua e todos olham um senhor de setenta e seis, setenta e sete anos atravessando a rua.
ele também olhou.
e carros e motos e prédios e pessoas e pessoas.
e o senhor de setenta e seis anos atravessando a rua.
mas havia angústia; talvez porque pensava naquele homem; não ele, o outro, e ele, este outro, também, deveria atravessar a rua e teria setenta e seis, setenta e sete anos; talvez menos.
tudo é tão instantâneo.
tudo é tão imprevisível.
e nada o é.
talvez este homem fosse o que a mulher que comentava frases absurdas comentava.
ele a deixou.
ela o deixou.
ambos enlouqueceram.
ele - velho - atravessando ruas.
ela - louca - comentando frases absurdas.
já haviam dito a ele que estas frases não eram absurdas!
contava esta estória com frequência, teve momentos que incluía suas próprias frases e esperava a reação de todos.
(...)

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

05 DE SETEMBRO

descarrilhou-se nos últimos meses estava em tantos trânsitos tantas vias vastas várias havia a que apontava todas às terças-feiras às vezes catorze e trinta outras quinze quinze e quinze mas sempre ali pontual elegante e gentil de noite eram outros olhares de dia tinha uma senhora que nas tardes que ia ao supermercado farmácia isso&aquilo comentava frases absurdas e ele escutava num sábado saiu ao encontro desta para ouvir e ouviu algumas vezes não saia de casa era sempre assim algumas vezes não encontrava convicções que lhe fizesse certezas já era tri fortão naquela época pinincando todo com este encontro antes ele do que ela e era sempre ele ela a senhora comentava sobre um homem voltando para casa pensava e eu penso sobre este homem que a mulher que comentava frases absurdas comentava e este homem e esta mulher são tantas coisas absurdas ou não mas não são destes que contava há pouco é sobre o homem não este aquele das várias vias acho que havia algo sobre descarrilhar-se meses silêncio isso&aquilo algo sobre a semana ele gostava principalmente das quintas-feiras e havia a que sorria seu corpo sorria não tinha horários nem vestes vinha nua o cabelo vinha nu o rosto dançava leve e o deixava leve e o deixava tenso e o deixava haviam tantos trânsitos teve uma tarde não lembro o dia um senhor acho que deveria ter setenta e seis setenta e sete anos atravessava a rua e todos olham um senhor de setenta e seis setenta e sete anos atravessando a rua ele também olhou e carros e motos e prédios e pessoas e pessoas e o senhor de setenta e seis anos atravessando a rua mas havia angústia talvez porque pensava naquele homem não ele o outro e ele este outro também deveria atravessar a rua e teria setenta e seis setenta e sete anos talvez menos tudo é tão instantâneo tudo é tão imprevisível e nada o é talvez este homem fosse o que a mulher que comentava frases absurdas comentava ele a deixou ela o deixou ambos enlouqueceram ele velho atravessando ruas ela louca comentando frases absurdas já haviam dito a ele que estas frases não eram absurdas contava esta estória com freqüência teve momentos que incluía suas próprias frases e esperava a reação de todos
(...)

sábado, 27 de agosto de 2011

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

04 DE AGOSTO

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hoje me tornei um homem.
sim.
no meio da tarde.
estava frio.
e continua.
uma mulher parou ao meu lado.
__ você lembra que me ensinou a amarrar o sapato?
não entendi, já é noite e ainda não entendo direito.
__ sim. você me ensinou a amarrar o sapato.
__ por quê fui eu a ensinar amarrar os teus sapatos?
__ não sei. só sei que foi você!
__ e onde foi isso?
__ a lembrança de você me ensinando a amarrar o sapato se passa dentro de um teatro; bem na época do milagre dos olhos que mudaram de cor. (meus olhos mudaram de cor, mas na verdade, os queria roxos). eu tinha sete anos. acho que não sabia o que te dizer na época.
__
de que cor queria teus olhos?
encantado, respondi:
__ um de cada cor, enxergaria o mundo mais colorido.
ela sorriu.
__ eu te escolheria de olhos marrom terra e amarelo queimado.
__ ah, e outra coisa, apaixonar é fácil e desapaixonar?
não entendi, já é noite e ainda não entendo direito.
__ desapaixonar?
__ sim. você deve ser apaixonado como eu (nunca estou só, tenho medo do escuro e de mim). esse é o nosso dom e o castigo, também.
__ castigo?
__ sim. mas hoje quero somente o inevitável.
eu sorri.
__ então, você lembra que me ensinou a amarrar o sapato?
__ não.
__ sim. você me ensinou a amarrar o sapato. e depois aprendi a correr. e hoje, corro, corro, corro.
e ela insistiu.
__ que cor quer seus olhos, para que eu possa colher a cor?
__ colher a cor?
sorri, novamente.
__ estas que escolheu, quais eram mesmo?
__ marrom terra e amarelo queimado.
__ sim. marrom terra e amarelo queimado. aproveite e colha a roxa, também.
__ sim. poderíamos pintar nossos olhos!
e continuou.
__ por quê nunca conversamos antes? só me lembro do dia do sapato!
estupefato, respondi.
__ não sei.
e continuei.
e quando pintaremos nossos olhos?

ela fechou os olhos e respondeu.
__ em setembro.
e ainda de olhos fechados, sussurrou.
__ eu preciso ir. o tempo me chama.


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domingo, 31 de julho de 2011

31 DE JULHO

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raramente penso em ti.
 teu destino pouco me interessa.
mas de minha alma não se apagou o brevíssimo encontro que tivemos.
evito, de propósito, tua casinha vermelha, tua casinha vermelha junto ao rio lamacento.

Anna Akhmátova

chegou.
sorriu.

sentou.
fumou um cigarro.
e depois, outro.
não me disse uma palavra.
nada.
fitou meu olhar em um momento, sobre um comentário que fiz.
só isso.
depois de quatro cigarros, levantou, vestiu o casaco (estava frio), está frio!
e foi embora!


...


algumas coisas são inevitáveis.

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quarta-feira, 27 de julho de 2011

with the lights out it's less dangerous

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há um gato a espreita.
ele olha.
fixa o vôo do pássaro.
há morte por todos os lugares.
o labirinto de um é diferente do labirinto de outros.
quando as luzes estão apagadas é menos perigoso
.

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terça-feira, 26 de julho de 2011

26 DE JULHO

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.
pensei ir de trem; mas acho tão triste!
e avião?
receio de altura!
poderia ir de barco.
possível enjoar.
devo ir de carro.
e a distância?
moto, talvez.
não sei pilotar.

...

vou continuar aqui.
longe.
te esperando.
venha logo, pois há tantos meios.
venha logo!
.
.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

21 de JULHO

.
então era isso?
porém pensei o contrário.
acreditei nele, completamente.
e te sorria!
houveram erros.
e tantos.
mas era somente isso?
uma frieza, um riso discreto.
sua estupidez não te deixa ver.
minha estupidez não me deixa ver.
e agora o agora.
não saber sobre o falar.
e nem sequer dizer.
e sempre a mesma estória.
sempre os mesmos tons nos mesmos lugares.
nos mesmos discursos.
não menos.
assim não caímos em nossas contradições.
tuas.
minhas.
de todos em todos a toda hora.
então, era isso?
assim?

...

os mesmos?
não menos?
.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

haikai

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dedicado a Matsuo Bashô



em minha janela
alguns pingos de chuva
contam segredos




.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

dôo

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te daria morangos!
e em seu colo o contraste!
tua pele, o vermelho!
te daria torradas!
te daria sorrisos!
no café!

de manhã!
te daria 
bom dia!
te daria o sempre!
o sim!
te daria você!
e a mim, te daria!
.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

06 de JULHO

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à Amedeo Modigliani


necessário tomar banho.
estar limpo.
belo!
escovar os dentes.
cortar as unhas.
pentear o cabelo.
limpar os ouvidos, sempre me pediram isto e quase nunca o fiz.
esquecimento ou falta de asseio?
não sei, não saberei.
ter um dia pleno.
cozinhar uma pasta, acompanhado de um bom vinho; shiraz, de preferência.
shiraz ou syrah?
agora não importa, a noite estarei morto.
não sei da grafia, sei o sabor e é bom.
no começo, acre; depois, todo doce.
qual pasta?
qual recheio?
essas coisas são importantes, principalmente pouco antes de ir.
aonde?
com quem?
não sei.
estou pleno, pronto.
anseio a ida.
o vinho.

e o recheio.
.

sábado, 25 de junho de 2011

quarta-feira, 15 de junho de 2011

ROMANCE VII (micro.conto)

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so sad, so sad, so sad, so sad
so blue, so blue, so blue, so blue
very blue

VINCENT GALLO


naquela noite eu tive
algumas garrafas de vinho,
cocaína,
Vincent Gallo
e algumas tristezas!
.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

romã

romã é uma fruta estranha e bela.
roma é uma cidade estranha e bela.
rima é uma palavra estranha e bela.
rumo é uma direção estranha e bela.
ramo é uma profissão estranha e bela.
remo é um esporte estranho e belo.

...

uma.
um.
um a um.
estranhos e belos.
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sábado, 4 de junho de 2011

não precisa morrer para ver deus

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o amor é importante. porra o amor é importante. porra o amor é importante. porra
o amor é importante. porra o amor é importante. porra o amor é importante. porra
o amor é importante. porra o amor é importante. porra o amor é importante. porra
o amor é importante. porra o amor é importante. porra o amor é importante. porra

o amor é importante. porra o amor é importante. porra o amor é importante. porra
o amor é importante. porra o amor é importante. porra o amor é importante. porra
o amor é importante. porra o amor é importante. porra o amor é importante. porra
o amor é importante. porra o amor é importante. porra o amor é importante. porra

mais amor por favor mais amor por favor mais amor por favor mais amor por favor
mais amor por favor mais amor por favor mais amor por favor mais amor por favor
mais amor por favor mais amor por favor mais amor por favor mais amor por favor
mais amor por favor mais amor por favor mais amor por favor mais amor por favor
mais amor por favor mais amor por favor mais amor por favor mais amor por favor
mais amor por favor mais amor por favor mais amor por favor mais amor por favor
mais amor por favor mais amor por favor mais amor por favor mais amor por favor
mais amor por favor mais amor por favor mais amor por favor mais amor por favor
.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

03 DE JUNHO

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arrume a sua casa par receber o céu


não vi tuas tatuagens.
somente tuas sardas.
e tuas estórias.
vinte e sete, vinte e nove, trinta e duas.
quantas eram, mesmo?
tampouco teu seio de guerreira.
não me vestiu.
não pintou minha camiseta - aquela que pedi.
o desenho do cara com a cara grande.
longilíneo.
azul.
sentou, riu, olhou, riu, novamente e foi embora.
um sono, um resto de doce, estórias sem fim.
uma flor de vime.
vou, não vou, fico, saio, volto e não permaneço.
não vou, vou, saio, fico, não permaneço e volto.

...

no teu rosto teu sorriso.
no meu sorriso esta dúvida.
quantos éramos, mesmo?

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quarta-feira, 25 de maio de 2011

sábado, 21 de maio de 2011

viagem

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parei a pouco.
não sabia se para a direita ou para a esquerda continuaria a viagem.
não sei, ainda.
somente espero que haja ida.
e ainda assim, que haja volta.

.

domingo, 15 de maio de 2011

sexta-feira, 13 de maio de 2011

suas mãos em todas as manhãs

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.das tuas mãos vertem mundos.
.das tuas mãos desenham traços.


.nas tuas mãos enxergam linhas.
.nas tuas mãos somam as minhas.


.suas mãos não são somente mãos.


.suas mãos são.
.suas mãos soam.


.suas mãos em todas as manhãs.


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terça-feira, 10 de maio de 2011

10 DE MAIO [ad infinitum]

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__ por quê?
__ porque não quero mais.
__ mas e ontem?
__ ontem?
__ e  agora?
__ agora o quê?
__ como assim, agora o quê?
__ e tudo o que planejamos, pensamos, conquistamos?
__ isso era ontem.
__ não te amo mais.
__ esqueci de gostar de você.
__ você esqueceu de gostar de si.
__ esquecemos de gostar de nós, nosso gosto azedou.
__ mas nem tudo é doce.
__ e nem tudo é azedo.
__ são só planos, pensamentos e conquistas vazias.
__ não dá mais.
__ mas por quê?
__ já fizeste esta pergunta.
__ sim, já disse - não quero mais, não queremos mais, sabes disso tão bem quanto eu, sabemos disso.
__ eu não sei disto, não compreendo o que está dizendo.
__ por quê insiste?
__ porque eu te amo.
__ não ama, ama uma conveniência, o que nos tornamos, um simulacro.
__ simulacro, não estou te reconhecendo, você nunca falou deste jeito.
__ justamente, é disso que estou falando agora.
__ não conversamos há muito tempo.
__ não me confunda, você faz isto muito bem, sabes usar as palavras e me confundes.
__ não quero te confundir, só não quero mais, não precisamos mais do outro; esvaziou.
__ eu me sinto plena.
__ eu sinto pena.
__ não seja sínico.
__ por favor, não quero ofensas, nem jogos de palavras, não quero, não queremos.
__ eu quero.
__ como assim?

__ por quê insiste?
__ pare com isso, não era este o conteúdo que iríamos conversar.
__ está vendo?
__ é tudo tão protocolar.
__ tão o quê?
__ esquece. deixa para lá.
__ estou indo embora, agora.
__ depois pego minhas coisas.
__ não.
__ por favor!
__ o quê?
__ isto está ficando muito complicado. olha eu gosto de você, mas eu não te amo mais.
__ mas não foi você mesmo quem disse que esta estória de amor não existe, que o que existe é o afeto, carinho, companheirismo, que o amor existe em um curto espaço de tempo, depois outras coisas tornam-se mais importantes.
__ sim, eu sei.
__ então?
__ então o quê?
__ eu te amo!
__ por quê?
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quarta-feira, 4 de maio de 2011

the last living rose

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o mapa está em cima da toalha da mesa.
é lá que acharemos a última rosa viva?
na toalha de rosas?
no mapa sob a mesa?




no tremor da última rosa viva?
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sábado, 23 de abril de 2011

23 DE ABRIL

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ela era devota de Ogum.
ele não.
estava acompanhando um amigo; entediado, inclusive, com aquilo que não compreendia e negava.
mas como o destino não anuncia sua presença, se esbarraram.
 e sorriram.
pediram desculpas; seguiram o cortejo.
no final, no dissipar de todos os devotos, se encontraram, novamente.
e, novamente, o sorriso.
estava calor - mesmo sendo outono.
um tanto cansados.
mas muito curiosos.
em poucos minutos estavam sentados, conversando e rindo.
ela perguntava mais que ele.
muitas perguntas.
poucas respostas.
tímido, olhava e continuava sorrindo.
e nisto, neste encontro, sua grande companhia, uma grande presença.
naquela tarde ele entendeu que era necessário acreditar.
Salve Jorge!

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terça-feira, 19 de abril de 2011

eu te amo

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eu te amo.
quero gritar isto o dia todo.
neste mês.
no ano inteiro.
quero enlouquecer gritando.
perturbar o silêncio.
os vizinhos.
quero que ouça.
escute.
e perceba.
quero gritar até perder a voz.
ficar mudo.
e, ainda, assim, mais uma vez.


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sábado, 16 de abril de 2011

breves anotações sobre eu mesmo

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quando era pequeno, comprei dois sonhos.
um para mim e outro para minha irmã.
naquela época, detestava minha irmã.
comprei o maior - que era quase o dobro do dela - para mim.
ao abrir o saquinho na sua frente, dentro do carro da minha mãe, com um sorriso de sarcasmo e prazer, percebemos.
ele, somente ele - meu sonho - estava sem recheio.

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bombons

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agora, aqui, chove.
escorre sob o vidro a chuva.
o céu é cinza.
e claro!
há nuvens.
sob a mesa, morangos.
bombons.

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quarta-feira, 6 de abril de 2011

ínfimo


"O amor é grande e cabe nesta janela sobre o mar."
Carlos Drummond de Andrade


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hoje necessito o silêncio.
não escrever.
bem ínfimo.
íntimo.
mínimo.
hoje eu não quero palavras.




o que cabe nas linhas acima?
na ausência completa?
exata?
perfeita?

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