. naquela tarde, ele chorou. e eu, também. eu sei, porque estava com ele.
tudo era tão triste. leu o que havia(m) escrito(s), assistiu aos vídeos, as fotos, todas as gavetas: as da casa, as do quarto, as do guarda-roupa e as suas próprias. as sobras. as paredes sem furos, sem livros, as pequenas sutilezas e as grandes, o peso daquilo tudo, o tempo daquelas coisas, a inércia, objetos, detalhes, bobagens, sorrisos. as sombras. os tons. todos. e eram tantos. tão vivos, tão visíveis, verossímeis e possíveis. fechou os olhos e tudo era cor. reviu tudo.
...
e chorou. e chorei.
...
foi ele quem me pediu p/ escrever estas imagens. foi ele quem primeiro chorou. mas não consegui ver seus olhos cheios de lágrimas e os meus, não. me disse que não saberia rever tudo aquilo, de novo; mesmo que com palavras. não sabia. e não diria não. e não disse não. e assim, revestiu meu pesar de um luto. quase tudo. um fim. .
e quando voltares, teremos a calma? e depois da calma, teremos a cama? e depois da cama, teremos o gozo? e depois do gozo, teremos os sonhos? e depois dos sonhos, teremos o riso? e depois do riso, teremos os sonhos? e depois dos sonhos, teremos o gozo? e depois do gozo, teremos a cama?
e depois da cama, teremos a calma? e depois?
apaixonou-se. e não foi fácil, pois havia terminado um quase casamento. quase casamento? não sabia muito bem o que era isso, mas era. pouco antes de acontecer. ela fugiu. desapareceu. mas o fato do agora é que ele estava apaixonado. feliz. esqueceu suas cicatrizes. as das malas, as dos guarda-roupas. e ela era linda e o fazia bem. muito bem. ela, também, terminara um relacionamento com outro. grande amante, nem tão bom pai e esposo. estava farta. das promessas. das esperas. das. e ele sorriu. e ainda agora, o sorriso permanece. os permeia!