segunda-feira, 21 de março de 2011

21 DE MARÇO

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naquela tarde, ele chorou.
e eu, também.
eu sei, porque estava com ele.
tudo era tão triste.
leu o que havia(m) escrito(s), assistiu aos vídeos, as fotos, todas as gavetas: as da casa, as do quarto, as do guarda-roupa e as suas próprias.
as sobras.
as paredes sem furos, sem livros, as pequenas sutilezas e as grandes, o peso daquilo tudo, o tempo daquelas coisas, a inércia, objetos, detalhes, bobagens, sorrisos.
as sombras.
os tons.

todos.
e eram tantos.
tão vivos, tão visíveis,

verossímeis e possíveis.
fechou os olhos e tudo era cor.
reviu tudo.

...

e chorou.
e chorei.

...

foi ele quem me pediu p/ escrever estas imagens.
foi ele quem primeiro chorou.
mas não consegui ver seus olhos cheios de lágrimas e os meus, não.
me disse que não saberia rever tudo aquilo, de novo; mesmo que com palavras.
não sabia.
e não diria não.
e não disse não.
e assim, revestiu meu pesar de um luto.
quase tudo.

um fim.
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