sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

aqui

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meus bancos
verde e laranja

                    iguais aos teus


                                       ...


meus dias
amarelo e vermelho


                   iguais aos meus


                                       ...


                ansejo pelo outono
                              outro ano


aqui

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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

25 DE JANEIRO

ele pousou na minha sala.
quando o vi, já estava em meu sofá.
ao meu lado.
sorriu, se acomodou e sentou.
e eu, sorri.
um pouco confusa, meio sem jeito.
mas a presença era tão boa que com o tempo o incômodo transformou-se em satisfação.
era alto, esguio, suas asas eram longas.
não era um anjo.
nem um homem.
não tive tempo de saber realmente o que era.
quem era.
gostava principalmente das sobremesas após o almoço.
adorava um doce antigo de banana que havia aprendido com a minha avó.
aprendeu a fazê-lo.
a calda que fazia ficava mais consistente.
usava mais açucar do que eu.
ficamos muito próximos.
e em um certo dia, da mesma forma que chegou, foi embora.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

percurso

.

ante.ontem,
ontem
e hoje
chorei!
logo pela manhã,
logo após o café.
calado!
sozinho!
na cozinha!
olhando as flores do azulejo.
olhando as flores nos azulejos.
sentindo escorrer as lágrimas no meu rosto.



neste percurso delas.
neste percurso nosso.



céu 5


terça-feira, 11 de janeiro de 2011

11.1.11


[este conto é dedicado ao dia de hoje, um palíndromo perfeito]


hoje todos estávavamos trancados no quarto.
nossa comunicação fazíamos por gestos, escritas.
fingíamos mudos, surdos, cegos.
hoje morreríamos.
uns assassinados, outros de desespero, alguns nem perceberiam.
hoje regozijaríamos nossas dores.
festas, flores, lágrimas.
um manto de não-sorte.
um vasto de não-gozo.
eu, você, aquele ali; o outro, também.
é Jorge o nome dele?
ou Flávio?
e do outro?

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

06 DE JANEIRO

ele desapareceu bem diante dos meus olhos, para sempre.
mas eu ainda o enxergo.
sinto.
ouço.
toco.
o susurrar na manhã.

...

e quando levanto, a cama desarrumada denuncia sua presença.
no shampoo, na banheira, a mesa do café-da-manhã e o café na xícara pela metade e o pão quente.
tudo em si te denuncia.
tua sombra está ali.
em mim.
e bem diante dos meus olhos.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011