domingo, 25 de setembro de 2011

em todas as manhãs, JÚBILO e MEMÓRIA

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[em homenagem a esta mulher - Hilda Hilst - com quem vôo, diariamente]


pensei em uma borboleta!
que antes, crisálida!

que antes, lagarta!
que agora, tu!
pensei, assim, sem nem sequer vê-la!
nesta borboleta!



voa!.
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sábado, 24 de setembro de 2011

URGIR

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derrubar todas as paredes.
começando pelo quarto.
a sala.
a cozinha.
o banheiro. 




um vão livre!


escancarar as portas!
arrancar as fechaduras!
sem chaves.
nem cadeados.
trocar carros por barcos.
singrar!
colocar abaixo!
rir!




neologismos!
silogismos!




derubar todas as paredes.
começando pelo quarto.
a sala.
a cozinha.
o banheiro.





um vôo livre!
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terça-feira, 6 de setembro de 2011

05 DE SETEMBRO (mesmo texto, c/ pontuação)

descarrilhou-se.
nos últimos meses estava em tantos trânsitos, tantas vias, vastas, várias.
havia a que apontava todas às terças-feiras, às vezes, catorze e trinta, outras, quinze, quinze e quinze; mas sempre ali.
pontual, elegante e gentil.
de noite eram outros olhares.
de dia tinha uma senhora que nas tardes que ia ao supermercado, farmácia, isso&aquilo, comentava frases absurdas e ele escutava; num sábado saiu ao encontro desta para ouvir e ouviu.
algumas vezes não saia de casa; era sempre assim, algumas vezes não encontrava convicções que lhe fizesse certezas.
__já era tri fortão naquela época.
__pinicando todo com este encontro.
__antes ele do que ela.
e era sempre ele.
ela, a senhora, comentava sobre um homem.
voltando para casa pensava.
e eu penso sobre este homem que a mulher que comentava frases absurdas comentava.
e este homem e esta mulher são tantas coisas; absurdas ou não.

mas não são destes que contava há pouco.
é sobre o homem - não este, aquele das várias vias.
acho que havia algo sobre descarrilhar-se, meses, silêncio, isso&aquilo, algo sobre a semana (ele gostava principalmente das quintas-feiras).
e havia a que sorria.
seu corpo sorria.

não tinha horários.
nem vestes.
vinha nua.
o cabelo vinha nu.
o rosto dançava leve e o deixava leve e o deixava tenso e o deixava.
haviam tantos trânsitos; teve uma tarde - não lembro o dia - um senhor acho que deveria ter setenta e seis, setenta e sete anos, atravessava a rua e todos olham um senhor de setenta e seis, setenta e sete anos atravessando a rua.
ele também olhou.
e carros e motos e prédios e pessoas e pessoas.
e o senhor de setenta e seis anos atravessando a rua.
mas havia angústia; talvez porque pensava naquele homem; não ele, o outro, e ele, este outro, também, deveria atravessar a rua e teria setenta e seis, setenta e sete anos; talvez menos.
tudo é tão instantâneo.
tudo é tão imprevisível.
e nada o é.
talvez este homem fosse o que a mulher que comentava frases absurdas comentava.
ele a deixou.
ela o deixou.
ambos enlouqueceram.
ele - velho - atravessando ruas.
ela - louca - comentando frases absurdas.
já haviam dito a ele que estas frases não eram absurdas!
contava esta estória com frequência, teve momentos que incluía suas próprias frases e esperava a reação de todos.
(...)

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

05 DE SETEMBRO

descarrilhou-se nos últimos meses estava em tantos trânsitos tantas vias vastas várias havia a que apontava todas às terças-feiras às vezes catorze e trinta outras quinze quinze e quinze mas sempre ali pontual elegante e gentil de noite eram outros olhares de dia tinha uma senhora que nas tardes que ia ao supermercado farmácia isso&aquilo comentava frases absurdas e ele escutava num sábado saiu ao encontro desta para ouvir e ouviu algumas vezes não saia de casa era sempre assim algumas vezes não encontrava convicções que lhe fizesse certezas já era tri fortão naquela época pinincando todo com este encontro antes ele do que ela e era sempre ele ela a senhora comentava sobre um homem voltando para casa pensava e eu penso sobre este homem que a mulher que comentava frases absurdas comentava e este homem e esta mulher são tantas coisas absurdas ou não mas não são destes que contava há pouco é sobre o homem não este aquele das várias vias acho que havia algo sobre descarrilhar-se meses silêncio isso&aquilo algo sobre a semana ele gostava principalmente das quintas-feiras e havia a que sorria seu corpo sorria não tinha horários nem vestes vinha nua o cabelo vinha nu o rosto dançava leve e o deixava leve e o deixava tenso e o deixava haviam tantos trânsitos teve uma tarde não lembro o dia um senhor acho que deveria ter setenta e seis setenta e sete anos atravessava a rua e todos olham um senhor de setenta e seis setenta e sete anos atravessando a rua ele também olhou e carros e motos e prédios e pessoas e pessoas e o senhor de setenta e seis anos atravessando a rua mas havia angústia talvez porque pensava naquele homem não ele o outro e ele este outro também deveria atravessar a rua e teria setenta e seis setenta e sete anos talvez menos tudo é tão instantâneo tudo é tão imprevisível e nada o é talvez este homem fosse o que a mulher que comentava frases absurdas comentava ele a deixou ela o deixou ambos enlouqueceram ele velho atravessando ruas ela louca comentando frases absurdas já haviam dito a ele que estas frases não eram absurdas contava esta estória com freqüência teve momentos que incluía suas próprias frases e esperava a reação de todos
(...)