domingo, 21 de novembro de 2010

21 DE NOVEMBRO

todos os dias ele olhava o celular, normalmente entre 22hs00/22hs42.
inevitavelmente, eram nestes 42 minutos que a ausência dela era quase insuportável.
talvez por ser um pouco antes dele dormir ou, talvez, neste período ele não se concentrava em outras situações, não tinha nenhuma ocupação, além dele com ele mesmo.
enfim, eram os 42 minutos mais difíceis naqueles últimos meses.
e seriam os 42 minutos mais difíceis de todo o verão.
nunca me disseram o por quê da separação.
nunca me disseram muitas coisas.
nem os conheço.
escrevo sem experiência nenhuma destes dois.
sei que seus nomes eram Lúcia e Ricardo.
e sei, também, que somente ele usava relógio.
ela usava - sempre - um anel (muito bonito) e de vez em quando, um par de brincos.
ele olhava o telefone para ver se havia alguma chamada não atendida ou alguma mensagem.
a suspeita de um desejo - ainda - por parte dela.
e nada.
a única mensagem que havia no celular naquela noite era de um amigo do escritório.
e ele não retornaria a ligação perdida.

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