domingo, 28 de novembro de 2010

28 DE NOVEMBRO


"As árvores me começam"
                                                                                                                          Manoel de Barros


ele não entendia nada do que ela falava, quase nada, estética-relacional, Foucault, Guatarri, Deleuze, ético-estético, quase nada.
e ela denunciava tudo aquilo com uma paixão, uma volúpia, uma verborragia, assim era ela e ele sorria.
eram lindos, a imagem dela naquela vontade/desejo e dele sorrindo.
se encontraram, no acaso, um amigo em comum e uma mesa.
sentados, riam e riam muito; o riso seria o ponto em comum de ambos, uma alegria contagiante.
ele pouco falava, calado, era adepto das plantas, da terra, das sementes, gostava de sentir o sol e o vento, sabia das coisas pela temperatura da brisa, se choveria? se faria sol? sabia do tempo, cultivava girassóis e calma.
eu estava sentado ao lado e me interessei por tudo aquilo, pelo ético-estético e pelos girassóis.
o que mais chamou a atenção dele foram os ombros dela, os ossos da clavícula saltavam em seus olhos, cabelos curtos revelavam toda a sua beleza.
ele era alto, magro, suas mãos eram ásperas, o sol lhe imprimira muitas marcas, inclusive a leveza.
quando se cumprimentaram e beijaram os rostos um do outro, ela sentiu suas mãos ásperas, mas, também, uma suavidade, a força exata que seus dias pediam.
naquele momento ambos encontraram o equilíbrio em suas diferenças, na potênica que emanavam em e para ambos, singularizaram-se.


...


e eu estive sentado ao lado e me interessei - muito - por tudo aquilo.

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